Baldes - O espírito do mal...

Depois de um semestre de aulas, muita borga, de ter feito coisas que se calhar antes nem me passava pela cabeça, estava eu a fazer jus à semana que é acarinhada com "semana de preparação para exames", no fim de semana não tinha estudado nada, toquei guitarra, saí com alguns amigos, li um livro, enfim, fiz o que um jovem normal faria... Com o início da semana, o fim de semana de borga tinha que ser vingado, 9 da manhã já estava eu sentadinho, PC ligado, caderno aberto e com vontade de trabalhar um pouco...
Passa a hora de almoço, e uma ansiedade atravessava o meu corpo, mas não conseguia arranjar uma explicação para ela... 'Se calhar com uma Coca-Cola, isto passa...' até que chega a hora de jantar 'Finalmente!!!' mas no fim deste a ansiedade passou a suores frios e a nervosismo... 'Mas que se passa comigo? Tenho é que me concentrar, o estudo é o mais importante agora'
Pronto para fazer a matiné de marranço os delírios continuavam 'Hey!!!, psssst... tás a ouvir?' 'Mas quem é que acabou de falar?' Olho para os lados e tudo parecia normal, enfim tenho que deixar de ver filmes e séries... 'Hey!!! Mas estás surdo ou quê?' 'Quem é que está a falar? Surdo eu?' as pessoas à minha volta começavam a olhar para mim 'Deve estar maluco, a falar sozinho' pensavam elas ao olhar para um indivíduo com o PC à frente... 'Tenho que me concentrar' aquele dia de estudo parecia perdido, mas parar não era solução... 'Hey! Sabes que dia é hoje? É segunda...' 'Segunda e depois?' Aquelas palavras vindas do nada, do meu próprio cérebro a falar para mim, ou do próprio Deus numa conferência privada... tiveram efeito em mim... assim como tiveram em Abraão quando deixou tudo para trás porque lhe foi prometido um grande destino.
Arrumei as minhas coisas e sai do local onde estava e meti-me no metro 'Mas o que é que estou a fazer? Para onde vou?' Mas a verdade é que as pernas pareciam saber exactamente para onde iam... 'Tira um Z2 com duas viagens, apanha o metro com destino ao D. João II, sais em S. Bento e desces até ao rio' Estava a ter um dejá vu, já tinha vivido aquilo em algum, não era a primeira vez que ali estava... As pernas, quem as controlava não sabia... passei pela margem do rio via uma ponte ali ao fundo, olhei para o rio e era-me estranhamente familiar, como se já ali tivesse nadado 'Impossível, o rio deve estar cheio de mijo...'
Lá à frente havia uma multidão, todos munidos com um grande copo de bebidas de várias cores 'Já percebes porque estás aqui' 'Já, acho que nunca aqui estive, mas sei exactamente o que tenho que fazer' Logo percebi... era segunda-feira... Como é que isso quase que me ia passar ao lado...